Há dez anos, o Hospital Napoleão Laureano, referência literal no atendimento a pacientes de câncer em todo o Estado, atendia em torno de 100 pessoas portadoras de câncer com radioterapia, e com apenas um equipamento. Hoje, com três equipamentos, mas os atendimentos não passariam de 140, quando deveriam ser 300.
O que ocorre? O SUS tem um teto para atendimento mensal e quando atingido os 140 pacientes, ninguém mais entra. Ou seja, há uma fila de pessoas diagnosticadas com câncer “condenadas” à morte porque o Sistema Único de Saúde não autoriza além do teto.
Resumindo: o hospital pode atender a demanda, mas precisa dos recursos e autorização, e nada. É a mesma coisa de nadar, nadar e morrer na praia. Existem ações pontuais, a exemplo da ‘Corrida do Bem’, idealizada pelo deputado Bruno Cunha Lima, com o objetivo de arrecadar fundos para o hospital, que é filantrópico.
É preciso que façamos uma ‘mea culpa’ e cobremos atitude pos parte de nós mesmos em relação ao hospital. Também não estou aqui dizendo que, com isso, vamos salvar o Laureano. Mas, sem demagogia e ideologia, não podemos ignorar.
Me remeteu a tal ‘Lista da Morte’ do Hospital Napoleão Laureano, nos idos de 2006, quando precisou-se haver uma intervenção por parte do Ministério Público Federal, com debate envolvendo as Secretarias de Saúde do Estado e de João Pessoa. À época, não haviam recursos mesmos, nem tantos equipamentos e nenhum outro centro ao qual as pessoas poderiam recorrer. Hoje, não temos ‘lista’ – não por esse ângulo -, temos equipamentos para atender mais pessoas, especialmente as carentes, e um teto sem sentido que impede o avanço.
Fonte: Sony Lacerda